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cisne, medeia e resta um
guilherme bueno



Estela Sokol apresenta em um dos ambientes três trabalhos que se transformam ao longo do dia. Utilizando tintas fotoluminescentes em suas esculturas e instalações (“Resta 1”, uma que estará presente, convida o público à interação), as obras estabelecem variados diálogos com a arquitetura: na medida em que a luz do dia muda, a cor e luminosidade ganham nova vida, evocando a passagem do tempo – o dia cai e as obras se iluminam, como no skyline de São Paulo e seu mosaico de luzes. 

As obras apontam para uma questão presente nas pesquisas da artista: suas esculturas sempre trazem uma relação de cruzamento com outras linguagens artísticas. A cor, aproximando-se da pintura e desviando-se da monocromia da escultura; a variação de materiais, criando gradações de texturas e de luminosidade e explicitando em sua conjugação as relações entre peso e sustentação; o reflexo, a instalação por vezes em partes “mortas” do espaço ativando a arquitetura – todos esses aspectos sempre explicitavam a presença dos objetos no espaço físico. Nos trabalhos aqui expostos, essa relação ganha novos contornos, ao cruzar a sua transformação com as variações da luz externa e ao dialogar com a arquitetura percebendo-a também como lugar habitado, isto é, conforme o espectador ali está em diferentes obras, acompanha as suas mudanças de cor e o modo singular como espelha a cidade noturna.

Além de “Resta 1”, na sala também estão “Cisne” (dois volumes com silhueta de meia lua) que jogam com a oposição e a inversão entre luz diurna e noturna, entre a forma que sob a luz natural intensifica a solidez dos volumes e na escuridão os torna diáfanos, crepúsculo e aurora reunidos. “Medeia”, por sua vez, possui uma malha externa – também fotoluminescente – cujas linhas fazem um contraponto aos perfis retilíneos das esquadrias que se multiplicam pelos edifícios da cidade. Nela, a mudança da luz cria um jogo de inversão semelhante às demais peças: durante o dia, prepondera o seu aspecto material, o qual mais tarde, tende a ser sobrepujado pela luz que irradia da superfície da obra.

Estela Sokol, ao longo de uma carreira de duas décadas, desenvolve uma produção de destaque na cena contemporânea brasileira, com individuais e participações em exposições coletivas de instituições brasileiras e internacionais, como Bienal do Mercosul, Centro Cultural São Paulo, Centro Cultural Banco do Brasil, Gallery 32 (Londres), Museu Nacional de Soares dos Reis (Porto). Sua obra está em várias coleções, dentre elas a Pinacoteca de São Paulo, o MAC USP e Mallin Collection (Nova York)



w hotel

exposição coletiva com curadoria de guilherme bueno 
w hotel, são paulo, brasil, 2023